FRANQUIAS BARATAS PARA COMEÇAR O SEU NEGÓCIO

Os quiosques costumam custar menos do que as lojas de shopping, mas têm mais riscos. Saiba o que fazer para ter lucro e confira 22 opções que surgiram nos dois últimos anos.

Thiago Cid



Primeiro, Marcos Pimentel, 35 anos, abriu uma loja da rede de milk-shakes Mr. Mix. Oito meses depois, em maio de 2010, resolveu investir em um quiosque da mesma marca. “Eu queria um negócio com custos operacionais e de manutenção reduzidos”, diz. No modelo tradicional, gastou R$ 140 mil. No compacto, R$ 120 mil. Em novembro, Pimentel já havia conseguido o retorno do investimento do quiosque — ou seja, em um prazo de seis meses. O da loja, instalada em um shopping de Rio Claro, no interior de São Paulo, só deve vir no meio do ano que vem. 

Com a ajuda da Mr. Mix, ele conseguiu negociar um ponto bem localizado em um shopping de Campinas para instalar o seu quiosque. Como por ali haviam passado outras redes, já existia estrutura de água e esgoto, uma grande vantagem para quem opta pelo setor de alimentação. 

Pimentel não teme ser retirado do local. “Vendo uma média de 180 milk-shakes por dia. Com isso, calculo que vou faturar R$ 200 mil em 2010”, diz. Para não ter atritos com o shopping, ele se esforça para ser um bom inquilino. “Faço ações promocionais e tenho uma estética que está de acordo com os padrões desejados.”



Há exatos dez anos surgia o primeiro quiosque em um shopping brasileiro. Foi um da então emergente marca Chilli Beans, em São Paulo. Era uma forma de a rede de óculos escuros entrar em caros centros de consumo com custos mais baixos. Não demorou muito para outras franquias adotarem o modelo. Hoje, há quiosques de tudo: sorvetes, cosméticos, cerveja, presentes, relógios, roupas de times de futebol, acessórios para iPhone... Para os franqueados, essa é uma opção de investimento mais acessível ao mundo das franquias. Para as redes, é, principalmente, uma forma de testar marcas, produtos e mercados. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Franchising, os quiosques foram responsáveis por um faturamento de R$ 6 bilhões em 2009. Esse tipo de negócio sofisticou-se consideravelmente na última década. “Os quiosques mostraram que, combinando boa localização, produtos inovadores e um visual atraente, podem ser até mais rentáveis que uma loja”, afirma João Bueno, da consultoria de franchising Fábrica3.

Os custos de operação costumam ser de 30% a 50% mais baixos do que os das lojas. Como ficam em áreas de maior fluxo de consumidores, rendem, em geral, mais vendas por metro quadrado. Sim, eles têm potencial para gerar excelentes resultados. Mas o sucesso não é garantido. Empreendedores interessados nesse formato de franquia precisam se cercar de cuidados. A maioria dos quiosques exige investimento inicial baixo, mas, em alguns casos, as quantias são semelhantes às das lojas. É aconselhável comparar, sempre. Outro aspecto que merece atenção: nem sempre é possível instalar o quiosque no ponto desejado. “Os locais mais cobiçados são os corredores dos grandes shoppings, mas a oferta costuma ser menor que a procura”, afirma Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF.



E um último alerta, talvez o mais delicado: os quiosques têm pouco poder de negociação com os shoppings. Os contratos, na maioria das vezes, são de curto prazo — de um a seis meses —, e o shopping pode pedir o ponto de volta quando quiser. Para permanecer longos períodos no mesmo local, é preciso garantir alta vendagem e estar em sintonia com os interesses do locador. “Esperamos que os quiosques ofereçam produtos inovadores, que não serão encontrados nas lojas”, diz Luis Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers. Design diferenciado é outra característica valorizada. “Quiosques que enriqueçam a estética do shopping são os mais desejados”, afirma Veiga. 

Franqueado da rede Weeze, de produtos para o corpo e banho, Diogo Marcondes, 28 anos, já renovou duas vezes o contrato de aluguel, de três meses. Ele investiu R$ 80 mil em uma marca com menos de dois anos de mercado, mas com potencial de crescimento. “Escolhi um negócio voltado para as mulheres, que são o grande motor do consumo”, diz. O retorno do quiosque, aberto em março, deve vir neste mês de dezembro. Diante dos resultados positivos, o shopping ofereceu um ponto com mais fluxo de pessoas. Marcondes, logicamente, aceitou na hora.

O interesse do shopping pelo quiosque é fundamental. Mas, para não se tornar refém, o candidato deve procurar saber do franqueador quais garantias são oferecidas, caso o locador indique que vai pedir o ponto de volta. Algumas redes negociam diretamente com os shoppings e, se necessário, arcam com a mudança dos franqueados. “Outra opção é conferir se a franquia tem um sistema de recompra do quiosque, em que cobre o que o franqueado já gastou”, aconselha Adir Ribeiro, da consultoria de franchising Praxis Education.

Os shoppings, porém, não são os únicos espaços para quiosques. Na estratégia de crescimento das redes também entram supermercados, estações de ônibus e trem, postos de gasolina e universidades. São áreas menos nobres, relativamente, mas que, por conta da equação valor do aluguel versus fluxo de pessoas, podem se tornar interessantes. “Estivemos sondando vários shoppings, mas o aluguel é muito caro. Não os descartamos, mas estamos crescendo com quiosques em supermercados”, afirma Carlos Navajas, diretor de expansão da rede de choperias Germânia.

Os quiosques itinerantes são outra alternativa. Mantidos pelas próprias marcas ou por franqueados de maior porte, eles têm natureza sazonal; seguem eventos, feiras, congressos ou atuam em temporadas específicas, como Natal, Páscoa ou férias escolares. Os motivos que levaram as redes a criar os formatos móveis foram dois: uma maneira de driblar as inconstâncias dos shoppings e uma forma de explorar nichos de mercado. Não há, ainda, marcas novas que adotem esse modelo. “Os quiosques itinerantes são uma boa forma de fazer a exposição da marca e ainda conseguir bons lucros”, afirma Felício Borzani, diretor da Happy Town, rede de fabricação de bichos de pelúcia que trabalha com quiosques desde 2006 e hoje tem três franqueadas do gênero.

Álvaro Mascarenhas, franqueado da Casa do Pão de Queijo — rede que trabalha com quiosques há sete anos —, tem três unidades móveis. A iniciativa começou com o pedido de um amigo, que queria abrir um ponto da rede em uma convenção que estava organizando, em 2003. Desde então, Mascarenhas decidiu só trabalhar com o modelo de franquia desmontável. E não se arrepende. “Tenho uma rentabilidade líquida de 20% a 35% com o modelo móvel”, diz.

Hoje, há um consenso entre os especialistas de que os quiosques vão entrar em um período de acomodação. “Nem tudo mais pode ser quiosque”, diz Camargo, da ABF. “Os mais consagrados devem ir para lojas e dar espaço para as redes que estão crescendo.” Os shoppings já construídos querem novidades que não sejam concorrentes com o mix de lojas estabelecido. Para as redes famosas, as oportunidades estão naqueles que ainda não foram lançados.

Como são de operação compacta, os quiosques não dispõem de grandes áreas de estoque. Devem ser montados de forma a ter o melhor aproveitamento de espaço possível. E precisam ser coloridos e atraentes. “As compras de quiosque são feitas por impulso”, afirma Wagner Lopes, diretor da consultoria Global Franchising. Apesar de menores, os pontos onde eles ficam são considerados nobres e designados como área de merchandising pelos shoppings. O dono de um quiosque deve fazer ações de marketing e promoções. “As novas marcas, especialmente, têm de ser vistas e o seu produto se fazer conhecido”, diz Camargo, da ABF. A seguir, confira as melhores opções de quiosques que surgiram no mercado nos últimos dois anos. 
O quiosque que teve problemas
José de Lima, 66 anos, investiu R$ 98 mil para abrir um quiosque da rede Mr. Beer, de cervejas importadas. Mas o negócio, montado em junho deste ano em um shopping de São Paulo, ficou pouco tempo no lugar. Com dois meses de funcionamento, Lima foi obrigado a mudar para um ponto com menor fluxo de pessoas. “Não fomos procurados pelo shopping. Nos mandaram uma carta informando que teríamos de deixar o local”, diz. 

Lima, então, resolveu recorrer à Mr. Beer. Mesmo assim, não houve negociação com o locador e Lima resolveu procurar outro shopping. Segundo ele, o apoio da rede foi fundamental. “Eles me ajudaram a encontrar um outro ponto, a negociar com o novo shopping e pagaram 50% dos custos da mudança, de R$ 40 mil.”

A quantia foi alta porque o quiosque antigo não se adaptava ao local. Foi necessário comprar um novo. Em compensação, Lima diz que recuperou o prejuízo um mês após a mudança. “Apesar do aluguel alto e da insegurança em relação ao ponto, o modelo de quiosque é rentável”, afirma. “Estou com ânimo renovado.”

Fonte: Revista PEGN

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